domingo, 29 de novembro de 2015

Isso de dar mama é outros tantos

Durante a gravidez, por tantas e tantas razões, como ter muitos macacos no sótão, acabei por não realizar o curso de preparação para o parto. Este curso não existia há uns anos e se apareceu foi pela necessidade das futuras mães resolverem alguns dos seus medos. Há quem diga que é instintivo, eu diria que já foi mais pelo facto de nos dias de hoje haver muita, mas muita informação, por existirem cada vez mais contradições em relação aos temas cruciais da gravidez e pós-parto. Por mim vejo que a maternidade não é nada de básico, instintivo e imediato, tem até muito que se lhe diga. Por isto e muito mais aconselho, inscrevam-se nos cursos de preparação para o parto, participem, levem os vossos companheiros, se não for possível irem sempre, pelo menos nalgumas aulas é importante, não só porque o que aí vem não vem por obra do senhor, e porque se vem aí um bebé é porque vem aí um ser amado por dois e não apenas um. Eu arrependo-me nestes poucos dias de maternidade (18 dias) de não ter participado num curso destes, ainda mais pela minha idade. Parece-me a mim que quando ambicionamos muito uma coisa, criamos algumas expectativas caso ela se realize, mesmo que nos pareça impossível de realizar, temos sempre alguns objectivos como sonho. E quando me dizem "mas tu és profissional de saúde isso para ti é fácil..." vou-me aos arames. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Um dos meus objectivos desde o início era dar de mamar... Depois de um parto induzido às 39 semanas e dois dias (não podia deixar andar mais pela diabetes gestacional) que acabou por ser cesariana porque a chiquitita parecia não querer descer, mas sim subir, logo no recobro pedi para me a meterem a mama, a enfermeira aí foi cinco estrelas, mas trouxeram logo mamilos de silicone e nem se insistiu muito. Eu por muito boa vontade que tivesse não me sentia e tinha medo de fazer mal à bebé. A enfermeira disse que tinha pouco colostro (e então não seria o suficiente para a minha bebé?!!?) o vínculo podia ter sido mais... Adiante, ao chegar ao quarto outra enfermeira entregou não um, não dois, mas sim quatro frascos de suplemento... Eu estava mais para lá do que para cá, não pelas dores, mas cansada por tudo, pelas emoções e pela carrada de drogas que me deram.  Ela chorou e a segunda coisa depois da mama no recobro, a entrar na boca foi o raio do suplemento. A partir daí foi sempre um stress, enfermeiras preparadas, mas sem tempo.... Sim, até no privado há falta de enfermeiros e as que estão lá trabalham muitos turnos, uns atrás dos outros... Por isso mesmo que tivessem boa vontade, faltava-lhes a paciência. A amamentação no público é mais divulgada e incentivada, às vezes até de mais por parte de alguns profissionais mais fundamentalistas. Ninguém me explicou (o meu cérebro ficou lá atrás e estava extremamente sensível e ansiosa, coisa que já vinha da gravidez) que o pouco que tinha era bom, que devia ter só colocado a bebé à mama e que quando viesse a subida do leite ia ser tudo mais fácil. A chiquitita nasceu a uma quinta-feira e o leite subiu na segunda, quatro dias separaram este atraso que poderá ter atrasado este processo por ela ter nascido de cesariana e por eu não a ter posto desde o início com insistência a mama. A partir daqui insisti sempre, não a deixava ter demasiada fome para tentar, mas ela recusava e eu insistia e ela recusava, deixava para a próxima mamada, e depois lá ia eu... Insistia, ela chorava e eu mais leite tinha, nada, mamava uns escassos segundos e nada. Como nasceu pequenina achei que teria que dar sempre o suplemento e nos entratantos lá dava a mama. Fiz tudo o que me disseram, pus a mama deixei que descansasse, dei a mama para fazer de chucha, o importante era a pega e não se a mama tinha ou não mamilo para pegar... Como tinha tirei com bomba, várias vezes, acordava a meio da noite e lá ia ela... Meia hora para cada lado, ou seja uma hora e ela dai a duas horas acordava... Mesmo com o auxílio do marido dividíamos as tarefas, ele com os biberões e eu com as fraldas e mais as mamas e a bomba e o barulho da bomba... Ela já nem queria saber do meu leite, pois diz que o leite da lata é mais docinho e tal... Começamos as duas a stressar, e já nem mama nem leite... Decidi parar. Penso que mais vale curtir a minha bebé, com os altos e baixos que isso implica do que andar a dar com a cabeça nas paredes e a stressar juntamente com ela. Não me martirizo mais e espero que quem tenha passado ou esteja a passar pelo mesmo também não o faça, pois uma pessoa por uma coisa destas na cabeça e não ultrapassar pode dar cabo da pipoca. É chato andar com o leite e a água e a artilharia atrás? Sim... é chato, mas há coisas piores e desde que ela se crie e tenha saúde, para mim está tudo bem... Não deixei de dar de mamar porque quis, mas sim porque as circunstâncias assim o fizeram, se houver uma próxima já sei... E depois de duas semanas assim foi, espero que com esta sumida do leite o babyblues também vá... (outros tantos, vamos falando). A quem me tem aturado, a mim e ao meu estado, muito Obrigada!!!!

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